sábado, 6 de novembro de 2010

Só 18 países protegem mulheres, diz ONU

Relatório divulgado ontem mostra que 10% dos Estados
adotaram medidas pedidas pela organização em 2000
Entre os cumpridores estão Áustria, Chile, Portugal e
Suíça; Brasil não aparece na lista, mas ONU vê avanços


Mulher em área degradada no Haiti, país que teve guerra civil recente


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A
PORTO PRÍNCIPE (HAITI)




Apenas 10% dos países protegem mulheres em situação de
conflito, segundo o relatório "Estado da População Mundial
2010", lançado ontem pela ONU. O estudo é uma coleção de
relatos de mulheres e crianças que sofreram violência
durante ou após conflitos armados.


Dez anos após a aprovação da resolução 1325, a primeira do
Conselho de Segurança da ONU visando especificamente a
proteção de mulheres em conflitos armados, as Nações
Unidas consideram que só 18 dos 192 países membros
implementaram medidas para seguir suas diretrizes.
Entre eles estão Áustria, Bélgica, Chile, Costa do Marfim,
Portugal, Serra Leoa, Uganda e Reino Unido. "Esses 18
países adotaram planos específicos para atender às sugestões
daquela resolução, mas há outros que seguem diretrizes de
outras conferências sobre as mulheres, e isso não pode ser
esquecido", disse à Folha Marcela Suazo, diretora regional
para América Latina e Caribe do UNFPA (Fundo de
População das Nações Unidas).


A hondurenha também relativizou o fato de o Brasil não ter
tomado providências sobre a resolução de 2000.
"Estive no Brasil há alguns meses e visitei uma Delegacia da
Mulher. Os esforços por lá são importantes, mas ainda é
preciso construir uma consciência social de que a violência
contra a mulher não pode existir."


A avaliação foi contestada por Aparecida Gonçalves, da
Secretaria de Política para as Mulheres, do governo federal.
"É uma posição complicada, de quem conheceu só uma parte
dos serviços implantados", disse.
Gonçalves deu como exemplo a Lei Maria da Penha, que
desde 2006 prevê a prisão para casos de violência doméstica.


O relatório, que foi divulgado para a imprensa latinoamericana
em Porto Príncipe, capital do Haiti, traz histórias
de mulheres e crianças violentadas em locais que passaram
por conflitos ou catástrofes como Bósnia, Jordânia, Libéria,
Timor Leste, Uganda e os território palestinos. Além do
próprio Haiti, devastado pelo terremoto de janeiro último.
TRAUMA


O país ainda vive o trauma do tremor que, segundo cálculos
do governo, deixou 1,5 milhão de desabrigados.
Destroços de casas e prédios que foram ao chão ainda estão
no meio das ruas. E enormes acampamentos continuam
armados em várias partes da capital.
Diante das dificuldades para contabilizar casos de abusos
contra crianças e mulheres em áreas de conflito, o UNFPA
tenta criar um sistema que concentre os dados. No ano
passado, o órgão fez estudos em Serra Leoa e Uganda.
A ONU ressalta que um traço comum entre a maior parte dos
países recém saídos de conflitos e catástrofes é o perfil
demográfico.


A presença elevada de jovens pode ser um fator favorável à
reconstrução de um país, com o fornecimento de mão de
obra e habilidades necessárias para reativar as economias,
desde que os governos priorizem aspectos como treinamento
e saúde.
Libéria, Timor Leste e Uganda têm um percentual de 40% ou
mais de pessoas entre zero e 14 anos. No Haiti, o percentual
é de 36,7%.


O jornalista FÁBIO SEIXAS viajou a convite de Fundo de População das
Nações Unidas




matéria publicada na folha uol.
( fonte:www.agenciapatriciagalvao.org.br)

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