sexta-feira, 31 de maio de 2013

Denúncias de violência contra a mulher sobem 600% em 6 anos (BBC Brasil – 08/03/2013)

Segundo dados da Secretaria de Politicas Publicas para as Mulheres, o serviço de atendimento telefônico que oferece orientações para as mulheres vítimas de violência fechou o ano de 2012 com 88.685 relatos - contra 12.664 há seis anos.

Segundo a pasta, a elevação no número de relatos não significa necessariamente um crescimento real dos casos de violência, mas um amento das notificações- na medida em que mais mulheres estariam se sentindo seguras para procurar ajuda.

"Acho que a população já está mais ciente de que existe uma lei para proteger as mulheres da violência doméstica", afirmou à BBC Brasil a farmacêutica Maria da Penha Fernandes, que ficou paraplégica ao ser baleada pelo marido e deu o nome à lei que endureceu as punições para quem comete a violência contra a mulher, mesmo em ambiente familiar.

O ligue 180 é um serviço, gratuito focadona orientação das mulheres vítimas de abusos e seu encaminhamento para órgãos da policia. da Justiça e demais serviços de enfrentamento da violência contra a  mulher, como centros especializados e casas abrigo.

Em primeiro lugar no ranking das agressões relatadas as serviços em 2012 está a violência física contra a mulher, com 50.236 casos - o que representa elevação de 433% em relação ao ano de 2006.

Logo abaixo no ranking vêm a violência psicológica ( 24.477 casos) e a violência moral ( 10.372). Os abusos sexuais representam, por sua vez 2% dos casos com 1.686 relatos.

"A lei Maria da Penha, depois de seis anos, começa a dar resultados. Eu acho que nós estamos vencendo, mas falta muito. Falta a consolidação de uma rede ( de proteção à mulher) e a falta de mudança de mentalidade ( de que homens não têm direito de agredir mulheres)", afirmou à BBC Brasil a ministra da Secretaria de Politicas Públicas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

"O aumento da denúncia significa que as mulheres estão acreditando mais nas politicas e nos serviços de acolhimento.Estão acreditando que a impunidade do agressor está chegando ao fim", disse.

O número de relatos de  violência ao Ligue 180 é hoje uma das únicas formas para se tentar dimensionar o número de agressões a mulheres nacionalmente- pois não há uma contagem oficial e integrada de casos na área da segurança pública. Essa é uma das principais criticas feitas pela ONU ao Brasil na questão da violência contra a mulher.

Lei só para as capitais.

De acordo com Maria da Penha, a lei que levou seu nome mudou a realidade das mulheres vítimas de violência no Brasil, na medida em que facilitou a punição de seus agressores.
Porém, segundo ela, a lei não funciona satisfatoriamente na maioria das cidades do interior do país."A gente infelizmente só tem encontrado a boa aplicação da lei nos grandes municipios, que geralmente são as capitais", afirmou.

A principal crítica da mulher que se tornou a face do combate à violência contra a mulher no país é a falta de  iniciativa de governantes para investir em instrumentos de combate aos abusos nas cidades pequenas do país.

A ministra Menicucci afirmou que além de investir no Ligue 180, um dos principais focos de sua pasta é implementar a Lei Maria da Penha efetivamente em todas as regiões do país.
Segundo ela, o governo federal tem enviado verbas aos governos estaduais com esse objetivo. Os repasses de recursos entre 2006 e 2011 chegaram a quase R$ 180 milhões. No ano passado, somaram R$ 40 milhões.

ela disse ainda que são estabelecidas parcerias com municípios, Estados e órgãos do Judiciário para a estruturação de uma rede de proteção a mulher.

De acordo com a ministra, no último dez anos o números de delegacias da mulher no país subiu de 248 para 503. os centros especializados de atendimentos passaram de 36 para 223 e as casas abrigo de 43 para 72.

"É muito pouco, mas é reflexo da Lei Maria da Penha", disse.

Medidas Judiciais

Atualmente estão em funcionamento pelo sistema judiciário do país 93 varas, 29 promotorias e 59 defensorias públicas especializadas em combater a violência contra a mulher.

Mesmo assim, segundo a ministra, uma das falhas da rede de proteção às mulheres vítimas de violência ocorre na hora dos juízes determinarem medidas para proteger as vítimas.

Segundo Menicucci, depois que uma mulher agredida procura a policia, o delegado pode pedir à justiça que imponha ao agressor uma série de normas e regras que o impedem de se reaproximar da vítima.

Porém, embora muitos juízes determinem tais medidas quase imediatamente, outros demoram para tomar uma decisão. "Às vezes eles demoram mais de um mês, exigindo atestado psicológico, atestado de saúde metal, laudos, o que não é necessário, é mais para atrasar", disse.

Ele afirmou que o Governo federal já estaria agindo para acelerar a concessão dessas medidas pelo Judiciário.

Luiz Kawaguti
da BBC Brasil em São Paulo.

(fonte: www.compromissoeatitude.org.br)

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Legislação sobre violência contra as mulheres...

A Justiça ainda está fora de alcance de milhões de mulheres no mundo, diz a ONU.



* Embora a violência doméstica seja hoje proibida em 125 países, 603 milhões de mulheres ainda
vivem em nações onde esta forma de violência não é considerada crime.
*Até 2011, 52 países haviam criminalizado o estupro conjugal; contudo, mais de 2,6 milhões de mulheres vivem em países onde essa forma de violência não foi ainda explicitamente definida como crime.

* As leis baseadas nos costumes ou na religião, que coexistem com as leis do estado, muitas vezes restringem os direitos das mulheres. Um exemplo é o direito das mulheres na família, em relação ao casamento, divórcio ou ao direito de herdar propriedade.

A ONU assinala que as leis, quando empregadas adequadamente, estabelecem as bases para a mudança de atitudes e da situação da mulher na sociedade.

Segundo o relatório publicado pela ONU, foram registrados vários progressos em relação aos direitos das mulheres graças aos esforços individuais, da sociedade civil e dos governos para o empoderamento econômico e político das mulheres. Mudanças nas legislações, incluindo as garantias de igualdade de remuneração e a adoção de cotas parlamentares, garantem que as mulheres conheçam seus direitos e possam exigi-los.

O documento cita como exemplo histórico que contribui para acelerar a reforma das leis e a mudança de atitudes o caso da brasileira Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu duas tentativas de assassinato por parte de seu marido: a primeira por arma de fogo, que a deixou paraplégica, e a segunda por meio de eletrocussão e afogamento. Maria da Penha Ela recorreu a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o que contribuiu para a adoção de uma legislação mais forte no Brasil contra a violência doméstica, simbolicamente chamada de lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).


Fonte: Organização das Nações Unidas no Brasil.