sábado, 6 de novembro de 2010

Dez mulheres são mortas por dia no País

Dez mulheres são mortas por dia no País.


*Média registrada em dez anos fica acima do padrão internacional; motivação geralmente é passional
(Bruno Paes Manso, de O Estado de S.Paulo)


SÃO PAULO - Em dez anos, dez mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Entre
1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimas de homicídio – índice de 4,2
assassinadas por 100 mil habitantes. Elas morrem em número e proporção bem mais
baixos do que os homens (92% das vítimas), mas o nível de assassinato feminino no
Brasil fica acima do padrão internacional.


Os resultados são um apêndice, ainda
inédito, do estudo Mapa da Violência no
Brasil 2010, do Instituto Zangari, com base
no banco de dados do Sistema Único de
Saúde (Datasus).


Os números mostram que as taxas de
assassinatos femininos no Brasil são mais
altas do que as da maioria dos países
europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5
caso por 100 mil habitantes, mas ficam
abaixo de nações que lideram a lista, como
África do Sul (25 por 100 mil habitantes) e
Colômbia (7,8 por 100 mil).
Algumas cidades brasileiras, como Alto
Alegre, em Roraima, e Silva Jardim, no
Estado do Rio, registram índices de
homicídio de mulheres perto dos mais altos do mundo. Em 50 municípios, os índices de
homicídio são maiores que 10 por 100 mil habitantes. Em compensação, mais da metade
das cidades brasileiras não registrou uma única mulher assassinada em cinco anos.


Outro contraste ocorre quando são comparados os Estados brasileiros. Espírito Santo, o
primeiro lugar no ranking, tem índices de 10,3 assassinatos de mulheres por 100 mil
habitantes. No Maranhão é de 1,9 por 100 mil. “Os resultados mostram que a
concentração de homicídios no Brasil é heterogênea. Fica difícil encontrar um padrão
que permita explicar as causas”, afirma o pesquisador Julio Jacobo Wiaselfisz, autor do
estudo.


São Paulo é o quinto Estado menos violento do Brasil, com índice de 2,8 por 100 mil
habitantes. Mas a taxa é alta se comparada à de Estados americanos, como Califórnia
(1,2) e Texas (1,5). “Quanto mais machista a cultura local, maior tende a ser a violência
contra a mulher”, diz a psicóloga Paula Licursi Prates, doutoranda na Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde estuda homens autores de violência.


Motivação


Para aumentar a visibilidade do problema e intimidar a ação dos agressores, a aprovação
da Lei Maria da Penha, em 2006, foi comemorada pelas entidades feministas por
incentivar as mulheres a denunciar crimes de violência doméstica, garantindo medidas
de proteção para a mulher e punições mais duras e rápidas contra agressores.


Mas a nova lei não impediu o assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais, morta
em janeiro diante das câmeras pelo ex-marido, alvo de oito denúncias. Nem uma série
de outros casos que todos os dias ganham as manchetes dos jornais.


Ainda são raros os estudos de casos que analisam as motivações de assassinos que
matam mulheres. De maneira geral, homens se matam por temas urbanos como tráfico
de drogas e desordem territorial e os crimes ocorrem principalmente nas grandes
cidades. Mulheres são mortas por questões domésticas em municípios de diferentes
portes.


“No caso das mulheres, os assassinos são atuais ou antigos maridos, namorados ou
companheiros, inconformados em perder o domínio sobre uma relação que acreditam ter
o direito de controlar”, explica Wânia Pasinato Izumino, pesquisadora do Núcleo de
Estudo da Violência da USP.


Em um estudo das motivações de 23 assassinatos contra mulheres ocorridos nos cinco
primeiros meses deste ano e investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa de São Paulo (DHPP), em 25% dos casos o motivo foi qualificado como torpe.


São casos como negativas de fazer sexo ou de manter a relação. Em 50% das ocorrências,
o motivo foi qualificado como fútil, como casos de discussões domésticas. Houve 10% de
mortes por motivos passionais, ligados a ciúmes, por exemplo, e 10% relacionado ao uso
ou à venda de drogas.


“Por serem ocorrências domésticas, às vezes a prevenção a casos como esses são mais
difíceis”, afirma a delegada Elisabete Sato, chefe da divisão de Homicídios do DHPP.



matéria jornal o Estado de São Paulo.
(fonte:www.agenciapatriciagalvao.org.br)

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