(O globo)
A Síntese dos Indicadores Sociais 2012 tratou, pela primeira vez, da situação dos direitos humanos no País.
Dentro dessa análise, trouxe dados sobre a violência contra a mulher, usando informações do ligue 180, serviços de denúncias da Secretaria de Politicas para as mulheres da Presidência.
Segundo os estudos, dos registros de violência contra a mulher, em 74,6% dos casos, o agressor é o cônjuge, namorado ou companheiro; em 66,1% dos casos, os filhos presenciam a violência; em 52,9% a mulher, percebe risco de morte; em 58,6% a violência ocorre diariamente; em 38,9% a violência ocorre desde o inicio da relação; e em 40,6% a relação dura 10 anos ou mais.
-Os dados do IBGE traduzem o que quem trabalha nessa área vê no dia a dia.Agora, o dado sobre os filhos é pior, porque pesquisas mostram que as crianças que acompanham atos de violência podem vir a ser futuros agressores.É a cultura da violência propaga de geração para geração. Mas vale lembrar que esses números mostram o que é relatado.- afirma Paula Viana, coordenadora do grupo curumim.
"Minha Família acha que tinha que ficar calada".
Moradora do bairro dos Noivos, na capital do Piauí, a trabalhadora autônoma Marluce de Andrade dos Anjos, de 39 anos, prestou queixa na delegacia da mulher local contra um irmão de 30 anos que a espancou- quando ela foi evitar que ele agredisse uma irmã, de 42 anos: -Fiquei com vários hematomas nos braços, na cabeça, perto do meu peito direito. A minha irmã estava na casa da minha mãe, e, certo momento, minha irmã pediu que ele tirasse a mulher dele de perto, não gosta dela. Quando ele ia batendo na minha irmã, fui lá e ele falou: "qualquer uma que entrar eu bato".
Segundo o IBGE, a Pnad de 2009 já mostrava que, quando são analisados os casos de agressão física contra pessoas de 10 anos ou mais, no caso das mulheres o agressor era uma pessoa conhecida, em 32,2% dos registros;e era um parente em 11,3%.
A Pnad 2009 foi uma das fontes utilizadas na Síntese de indicadores Sociais, em que o IBGE analisou um conjunto de direitos destacados pela Organização da nações Unidas (ONU), como direito a vida, à segurança, e à alimentação. Para medi-los no Brasil , o IBGE recorreu a outras fontes de dados, como o DataSUS, Cadastro Único de programas Sociais do governo federal, Ministério da Educação e conselho Nacional de Justiça, além de dados de outras pesquisas do IBGE, como a pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e o suplemento sobre vitimização de Pesquisa Nacional por Amostra de de Domicílios (Pnad) 2009.
Marluce diz que a filha chegou a ficar contra ela por ter denunciado o irmão:
-Eu me senti no chão, indefesa. Não tenho forças para ele. Por isso chamei a policia. Agora toda a minha família está revoltada comigo, porque acha que eu tinha que apanhar e ficar calada. Eu acho que estou certa. Como é que vou apanhar de um homem? Se ele me bater novamente, eu ficar doente, e não puder mais trabalhar, quem vai dar comida aos meu dois filhos?
(fonte:www.agenciapatriciagalvao.org.br)
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