A traumática situação á longo prazo que não se encerra no final da crise, e a vitima tem consciência disso, as mulheres tem consciência que depois dos momentos de “lua de mel” vem outra crise, faz com que a vitima passe a defender o monstro na tentativa de salvar sua vida.
O relacionamento entre vitima e agressor é um relacionamento de severo desequilíbrio de poder no qual o monstro dita aquilo que a vitima pode ou não fazer. A vitima é constantemente ameaçada de danos físicos e até de morte pelo monstro. O instinto de auto-preservação vem a tona por parte da vitima.
A crença (correta ou não) na total impossibilidade de fuga, o que significa que a sobrevivência precisa ocorrer nos termos e regras impostos pelo monstro todo poderoso, o isolamento da vitima com relação as pessoas que não estão cativa, impede que a visão externa quanto ao monstro interfira no processo de preservação.
Funciona mais ou menos assim:
Uma mulher se vê prisioneira de um homem que a ameaça de morte caso ela desobedeça. A mulher sofre abusos – físicos/sexuais/verbais – e começa a enfrentar dificuldades para pensar direito. De acordo com o monstro agressor, é impossível ela escapar. A ameaça de morte é constante explicita ou velada. Sua família, seus filhos também recebem ameaças. A sua única chance de sobrevivência é a total obediência.
Com o passar do tempo, a obediência por si, torna se algo menos seguro – já que o monstro agressor também sofre estresse, e uma mudança em seu humor poderia representar conseqüências desastrosas para á vitima. Compreender o que poderia deflagrar atos de violência da parte do monstro agressor, para evitar esse tipo de atitude, se torna uma segunda estratégia de sobrevivência. Com isso, á vitima aprende a conhecer quem a capturou.
Um gesto de gentileza por parte do monstro agressor pode ser o ato de ainda manter a vitima viva, o que faz com que ela comece a acreditar que na realidade ele é seu salvador. Em ultima análise ela começa a acreditar que ele é “bom”. Vivendo em circunstâncias traumáticas e ameaçadoras, a vitima acredita que o menor gesto de gentileza - ou mesmo a súbita ausência de violência por algum tempo, como um ato de amizade em um mundo de outra forma hostil e aterrorizante, e ela começa a se apegar no monstro agressor com fervor.
Lentamente o monstro agressor começa a parecer menos ameaçador – que é outro instrumento de sobrevivência e proteção do que o dano pode causar a nossa vida – a vitima sofre de uma ilusão auto-imposta, a fim de sobreviver psicologicamente, fisicamente, e a fim de reduzir o inimaginável estresse da sua situação
A vitima passa a acreditar verdadeiramente que o monstro agressor é seu amigo, que não á matara, e que ambos podem se ajudar mutuamente a “sair dessa encrenca”.
As pessoas do lado de fora que se esforçam por resgatar a vitima parecem-lhe menos aliados, porque querem ferir a pessoa que a protege contra todos os males. O fato de que a pessoa em questão seja ela mesma a potencial origem desses males termina ignorada em meio ao processo de auto-ilusão.
É importante observar que o processo da síndrome ocorre sem que a vítima tenha consciência disso. A mente fabrica uma estratégia ilusória para proteger a psique da vítima. A identificação afetiva e emocional com o monstro agressor acontece para proporcionar afastamento emocional da realidade perigosa e violenta a qual a pessoa está sendo submetida. Entretanto, a vítima não se torna totalmente alheia à sua própria situação, parte de sua mente conserva-se alerta ao perigo e é isso que faz com que a maioria das vítimas tente escapar do monstro agressor em algum momento, mesmo em casos de cativeiro prolongado. É comum no caso de violência doméstica e familiar em que a mulher é agredida pelo marido e continua a amá-lo e defendê-lo como se as agressões fossem normais.
Fonte:(http://www.araretamaumamulher.blogspot.com/)
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