sábado, 12 de fevereiro de 2011

O agressor mina totalmente a nossa confiança e auto-estima, reduzindo-nos a nada

Quase todas nós conhecemos alguém que já sofreu ou já sofremos violência física, emocional, e ou moral, de nossos companheiros, chefes ou colegas de trabalho, ou mesmo de nossos filhos irmão... Desde vizinha que leva uns tabefes quando o marido bebe alem da conta, até aquela moça bonita e inteligente que ninguém entende por que é que não se separa do namorado que a insulta na frente de todos. Aos olhos de quem está de fora o único caminho é a separação, assim como temos que reconhecer que é o mais fácil.

Mas quando trabalhamos com mulheres que sofrem agressão, ou quando sofremos agressão, sabemos que falar em uma separação é um processo complexo, que evolve muito mais do que a segurança da mulher que sem duvida está em jogo.


Os anos de abuso físico/emocional nos afeta a percepção acerca de limites, o que nos leva a hesitar muitas vezes diante da separação e a manutenção da relação. Às vezes até experimentamos sair de casa, mas nos sentimos emocionalmente ligadas ao agressor, o vemos como parte do nosso projeto de vida, como o pai de nossos filhos, e a vontade de voltar a ver a família unida nos faz regressar. Perdi a conta de quantas vezes eu mesma fiz esse trajeto até tomar consciência que a unica saída, era a separação total, para o meu bem e o bem dos meus filhos.


Estamos presas em algum ponto de nossas vidas ao poder dos fantasmas e demônios inconscientes. Todas nós temos segredos vergonhosos, crenças infantis na nossa maldade. (Que é usada sabiamente pelo agressor). E todas nós temos culpa adulta verdadeira por erros cometidos por ação ou omissão. Temos momentos em que fazemos, pensamos e ou sentimos coisas que sabemos ser maldosas ou até mórbidas. E somos tentadas a não assumir, e a justificar essas nossas ações.

Mas se desejarmos mesmo sair do circulo vicioso que se transformou o nosso relacionamento, temos que reconhecer a verdadeira origem dessas nodoas escuras que mancham o nosso mundo, a escuridão na realidade emana de nós.

Sei o quanto cada uma de nós gostaria de estar acima da nossa intensa vulnerabilidade, de controlar a nossa vida e a vida dos outros, de nos esquivar de sentir o desamparo que sentimos primitivo e existencial. Todas nós abrigamos um sentimento de vitimização, que usamos para justificar o nosso lado que não queremos aceitar. Resistimos à pura visão de nossos erros. Projetamos no “outro” a imagem do “inimigo”, o que nos permite tratá-los tão mal, forçando-os a desempenhar esse papel em nosso melodrama, em vez de respeitarmos nossa integridade.



Mas esse é um problema com tanta sutileza, que na maioria dos casos nem nós temos noção do que está se passando ao nosso redor. Estamos enredadas numa série de tentativas de manipulação, agredidas que levamos um bom tempo, até percebermos que somos vitimas da violência doméstica.

O agressor mina totalmente a nossa confiança e auto-estima, reduzindo-nos a nada. Como sempre me refiro à manipulação é uma ferramenta poderosa a que o agressor recorre com freqüência. Somos acusadas de estarmos na origem de todos os problemas de nossa casa, se não também de seus negócios. Quando fazem isso eles só conseguem o que querem porque tem aceso, aos nossos medos infantis. É cenas melodramáticas, dignas de um filme tipo pastelão, mas que caímos. (Essa manipulação e o melodrama são característica usual de psicopatas). Tanto no cotidiano como na vida conjugal em particular, o agressor procura passar uma imagem de si próprio de grande vitima, grande sofredor, a quem tudo (de negativo) acontece.

Alem de tentar minimizar todos os argumentos e queixas da vitima enquanto maximiza as suas próprias necessidades. Encara-as como mais urgentes ou mais importantes e, através de atitudes egocêntricas, busca a atenção continua e a satisfação de todas as suas vontades.

Para isso essas pessoas recorrem com freqüência a palavras depreciativas ou humilhantes, capazes de abalar seriamente a auto-estima do cônjuge. Esse é um problema que pode atingir qualquer uma de nós, mesmo as que são consideradas inteligentes e cultas.

Acusações despropositadas do tipo “você tem um amante”, as quais procuramos nos defender, gerando um circulo vicioso. O fato de haver uma ligação emocional nos impede de perceber que estamos sendo alvo de manipulação.

Mas os atos depreciativos, não se esgotam por ai. Normalmente o agressor usa a violência verbal para nos humilhar (ainda mais). Sem nos damos conta acabamos por achar normal que quando “nervoso” o monstro nos chame por nomes horríveis. (Que ao longo dos anos vai nos corroendo por dentro). Porque esses atos normalmente vêem precedidos de uma serie de pedidos de desculpas, desculpas essas onde em nenhum momento o agressor, reconhece o seu erro, esse erro é totalmente nosso, somos nós as culpadas por ele ter saído do “limite”. Coitadinho, como sofre...

Não se iluda, esse monstro não é nervoso, não tem problemas, ele é simplesmente um monstro, e tudo isso é feito calculado milimetricamente para destruir, qualquer auto-estima que você ainda possa ter, para que você fique realmente sem ter para onde sair, e dependa totalmente dele, o objetivo desse monstro é te afastar de tudo e de todos, para que você não possa receber nenhum tipo de ajuda.

Lembre se: Isso não é amor, existe ajuda, e sempre uma saída. Sai mesmo que seja rastejando mais saia o mais rápido possível. É esse o meu conselho sempre...


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