sexta-feira, 28 de março de 2014


Pesquisa feita pelo IPEA traz outros dados sobre violência contra a mulher.

65% dizem que a mulher que mostra o corpo merece ser atacada

Maioria acha que a culpa é da vítima e não do agressor.


Uma pesquisa feita pelo IPEA, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica, ouviu 3.800 pessoas de todo o país sobre a violência contra a mulher e chegou a uma conclusão surpreendente: 65,1% dos entrevistados disseram que "as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas" e 58,5% afirmaram que "se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupro."

Várias respostas chamaram a atenção dos pesquisadores. A maioria concorda, por exemplo, que existe mulher para casar e mulher para ir pra cama (54,9% concordam). Já 27,2% afirmam que "a mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade."

O que mais impressiona na pesquisa é que 66% dos entrevistados eram mulheres.

O estudo também fez perguntas sobre a relação homem-mulher dentro de casa e 91% concordam total ou parcialmente que "homem que bate em mulher tem que ir para cadeia", 89% acham que "roupa suja se lava em casa" e 78% acreditam que "em briga de marido e mulher não se mete a colher", mesmo em casos em que há violência.

A ministra da Secretaria de Politicas para as Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira, disse que no ano passado subiu de 17 para 23 o número de estados que oferecem o serviço 180- o Disque- denúncia da Central de Atendimento à Mulher. Disse também que os avanços são lentos porque dependem de uma grande mudança cultural. para ela, ainda há muito o que fazer.

"Servem fundamentalmente para exigir de nós gestoras políticas mais concretas e campanhas de sensibilização para que mude a mentalidade da sociedade como um todo, sem exceção", fala a ministra.

Veja a pesquisa completa:

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A questão da violência contra as mulheres recebe mais importância do que merece
56,9%- discorda totalmente
16,2%- discorda parcialmente
3,5%- neutro
11,9% concorda parcialmente
10,5%- concorda totalmente

O que acontece com o casal em casa não interessa aos outros
11,1%- discorda totalmente
5,3%- discorda parcialmente
1,4%- neutro
23,5%- concorda parcialmente
58,4%- concorda totalmente

Em briga de marido e mulher, não se mete a colher
13,1%- discorda totalmente
5,9%- discorda parcialmente
1,9%- neutro
31,5%- concorda parcialmente
47,2%- concorda totalmente

A roupa suja deve ser lavada em casa
6,3%- discorda totalmente
3,3%- discorda parcialmente
1,4%- neutro
22,4%- concorda parcialmente
66,6%- concorda totalmente

Casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família
25,2%- discorda totalmente
9,3%- discorda parcialmente
2,2%- neutro
29,7%- concorda parcialmente
33,3%- concorda totalmente

Quando há violência, os casais devem se separar
8,8%- discorda totalmente
3,8%- discorda parcialmente
2,1%- neutro
23,3%- concorda parcialmente
61,7%- concorda totalmente

Homem que bate em mulher tem que ir para cadeia
5,0%- discorda totalmente
2%- discorda parcialmente
1,6%- neutro
13,3%- concorda parcialmente
78,1%- concorda totalmente

A mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos
69,8%- discorda totalmente
12,3%- discorda parcialmente
2,2%- neutro
8,5%- concorda parcialmente
7,0%- concorda totalmente

É violência falar mentiras sobre uma mulher para os outros
19,1%- discorda totalmente
7,5%- discorda parcialmente
4,2%- neutro
24,8%- concorda parcialmente
43,3%- concorda totalmente

Um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher
76,4%- discorda totalmente
12,8%- discorda parcialmente
2%- neutro
5%- concorda parcialmente
4%- concorda totalmente

Dá para entender que um homem que cresceu em uma família violenta agrida sua mulher
54,4%- discorda totalmente
9,3%- discorda parcialmente
2%- neutro
15,8%- concorda parcialmente
18,1%- concorda totalmente

Dá para entender que um homem rasgue ou quebre as coisas da mulher se ficou nervoso
71,6%- discorda totalmente
12%- discorda parcialmente
1,5%- neutro
8%- concorda parcialmente
6,5%- concorda totalmente

É da natureza do homem ser violento
61,9%- discorda totalmente
12,8%- discorda parcialmente
3,3%- neutro
11,3%- concorda parcialmente
10,2%- concorda totalmente


ESTUPRO

Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar
58,4%- discorda totalmente
11,6%- discorda parcialmente
3,4%- neutro
12,8%- concorda parcialmente
13,2%- concorda totalmente

Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas
24,0%- discorda totalmente
8,4%- discorda totalmente
2%- neutro
22,4%- concorda parcialmente
42,7%- concorda totalmente

Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros
30,3%- discorda totalmente
7,6%- discorda parcialmente
2,6%- neutro
23,2%- concorda parcialmente
35,3%- concorda totalmente

HOMOSSEXUAIS

Casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais
32,6%- discorda totalmente
7,9%- discorda parcialmente
6,1%- neutro
18,5%- concorda parcialmente
31,6%- concorda totalmente

Casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido
32,1%- discorda totalmente
9%- discorda parcialmente
5,1%- neutro
12,9%- concorda parcialmente
38,8%- concorda totalmente

Um casal de dois homens vivem um amor tão bonito quanto entre um homem e uma mulher
38,1%- discorda totalmente
8,1%- discorda parcialmente
6,6%- neutro
15,6%- concorda parcialmente
25,5%- concorda totalmente

Incomoda ver dois homens, ou duas mulheres, se beijando na boca em público
28,2%- discorda totalmente
6,9%- discorda parcialmente
4,8%- neutro
14,3%- concorda parcialmente
44,9%- concorda totalmente

MACHISMO

Os homens devem ser a cabeça do lar
24,8%- discorda totalmente
8,5%- discorda parcialmente
2,7%- neutro
22,9%- concorda parcialmente
40,9%- concorda totalmente

Toda mulher sonha em se casar
12,3%- discorda totalmente
5,9%- discorda parcialmente
2,3%- neutro
27,8%- concorda parcialmente
50,9%- concorda totalmente 

Uma mulher só se sente realizada quando tem filhos
25,2%- discorda totalmente
9,2%- discorda parcialmente
4,9%- neutro
30,9%- concorda parcialmente
28,6%- concorda totalmente

A mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade
54,0%- discorda totalmente
11,3%- discorda parcialmente
6,4%- neutro
13,2%- concorda parcialmente
14%- concorda totalmente

Tem mulher que é pra casar, tem mulher que é pra cama
26,4%- discorda totalmente
8,9%- discorda parcialmente
6,8%- neutro
20,3%- concorda parcialmente
34,3%- concorda totalmente

fonte:(www.g1.com.br/jornal hoje)

sexta-feira, 21 de março de 2014

CPI denuncia situação de violência contra as mulheres em SP


A comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as causas da violência contra as mulheres ouviu nesta quarta-feira, 19/03, no auditório Paulo Kobayashi, os depoimentos da juíza maria Domitilia Prado Manssur, titular da 16° Vara Criminal do Fórum Complexo Mário Guimarães e das representantes da ONG Instituto Terra, Trabalho e Cidadania.




Presidida pelo deputado Fernando Capez (PSDB) e contando com  a presença da deputada Leci Brandão (PC do B), a CPI abriu os trabalhos com  os relatos das ações desenvolvidas pelo tribunal de Justiça para fazer a frente à violência praticada contra as mulheres.

A juíza Maria Domitilia informou que dos 47 casos iniciais atendidos pela 1° Vara especializada em Violência contra a mulher, hoje são quase 9 mil processos na 1° Vara e nas outras 6 varas existentes na capital. Com atendimento feito por uma equipe multidisciplinar.

Projeto Fênix

O Tribunal de Justiça desenvolve vários projetos de apoio à mulher vítima de violência, entre eles o projeto Fênix que garante à mulher que teve sequelas ortopédicas ou estéticas da agressão o encaminhamento, através do judiciário, para atendimento médico pelo serviço público.

Outro projeto em desenvolvimento é a Carta de Mulheres que facilita a notificação da agressão através do preenchimento de um formulário seja pela própria vítima ou por alguém que presenciou a agressão. este projeto busca a notificação da ocorrência mesmo na impossibilidade de um contato presencial com as autoridades. estes formulários deverão ser distribuídos em locais públicos brevemente.

A criação de um número de telefone para receber denúncias também está em estudo. A juíza também informou que está em estruturação um projeto de bolsa de trabalho e capacitação para garantir autonomia profissional para as mulheres vítimas.

Cursos para profissionais que atuam diretamente com as vítimas como policiais, guardas civis, escreventes etc. para que possam compreender o contexto social e psicológico que envolve a mulher vitimizada.  Maria Domitilia lembrou também da necessidade da criação de novas varas especializadas e informou da existência da rede de informações disponível no site do tribunal que reúne informações sobre recursos públicos que podem ser utilizados pelas mulheres para busca de assistência e apoio.

Preguntada pelo deputado Capez, a juíza respondeu que o Tribunal de Justiça já está preparado para atuar junto à Casa da Mulher Brasileira que deverá ser instalada pelo governo federal em São Paulo. A criação de novos anexos aos fóruns no Estado para cuidar especificamente dos casos de violência contra a mulher foi o tema de outra intervenção da titulas da 16° Vara Criminal.

Delegacia das Mulheres

Quanto ao funcionamento das delegacias das mulheres, Domitilia ressaltou que a 2° Delegacia da capital vem realizando um trabalho exemplar com equipe multidisciplinar que conta com assistente social e psicólogo em sua composição. Ela ressaltou que é necessário que os plantões sejam ampliados e possam atender os casos em finais de semana e feriados nas várias delegacias. Como dado estatístico para reforçar esta necessidade, a magistrada informou que são registrados 5 mil casos de violência por mês no Estado.

Com  relação ao questionamento da deputada Leci Brandão, Maria Domitilia afirmou que é necessário um esforço conjunto na divulgação dos direitos da mulher e dos recursos disponíveis para as vítimas e que os meios de comunicação deveriam estar envolvidos neste esforço, não só relatando os casos graves, mais ajudando a  mudar a cultura machista que ainda impera no país.

Mulas do tráfico

Natalia Duo e Lucia Sestokas da ONG Instituto Terra, Trabalho e Cidadania, que trabalha com o projeto estrangeiras que dá apoio a estrangeiras presas no país, destacaram que 95% das mulheres que hoje estão nos presídios do Estado foram envolvidas pelo tráfico de drogas e a maiorias como "mulas", ou seja, foram usadas para o transporte internacional de drogas.

As representantes da ONG destacaram que quase a totalidade das prisioneiras está na base da estrutura do tráfico e são abandonadas pelas quadrilhas sem nenhuma assistência, ficando totalmente desamparadas.

Ao falar do perfil desta mulheres, elas destacaram que são pessoas que já viviam uma situação de exclusão cumulativa, que t~em um perfil de subordinação total ao tráfico, são em sua maioria mães e provedoras exclusivas do sustento de suas famílias. nas prisões continuam a sofrer violência seja por falta de recursos médicos, apoio aos filhos e a falta de acolhimento e encaminhamento após o período de recolhimento prisional.

Ao encerrar a reunião, o presidente da CPI informou que irá encaminhar conjuntamente com a deputada Leci Brandão ofício ao secretário da Administração Penitenciária solicitando o número de mulheres presas por tráficos de drogas, os delitos em que estão envolvidas e o perfil das mesmas. (PM).


Fonte: Alesp 

Violência contra a mulher: índice preocupa Defensoria

Na maioria dos casos, a vítima não denúncia por temer represália.

O número de mulheres que não denunciam seus agressores e desconhecem a Lei Maria da Penha preocupa o Núcleo de Mulher da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, que tem a missão de garantir o acesso à justiça de forma integral especializada e humanizada às vitimas de violência doméstica e familiar.

Segundo a coordenadora do Núcleo, defensora pública Elvira Lorenza, com o advento da Lei maria da Penha muitas mulheres está mais conscientes dos seus direitos, mas grande maioria ainda teme denunciar seus agressores. "São mulheres que não têm condições financeiras e desconhecem os seus direitos. Represália, medo de largar o parceiro, dependência financeira ou sobrevivência dos filhos são alguns dos motivos que as impedem de denunciar. Outra questão é que elas não se sentem seguras e, tampouco, existe uma delegacia especializada que ofereça atendimento 24 horas", apontou.

A defensora pública afirmou que muitas procuram a Defensoria porque foram orientadas pelo Juizado Especial. "Não há uma Delegacia Especializada que funciona nos finais de semana e feriados, o que compromete a situação da mulher. Outro fato agravante é que em muitos casos os procedimentos necessários não são feitos para comprovar a violência", lamentou.

Conscientização

A integrante do Núcleo, defensora pública Richesmy Libório, destacou a importância de mutirões de orientação e conscientização. "Recentemente fomos convidados pela secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Maria Teles, para fazermos atendimento durante o Mutirão de Ações Integradas de Sergipe (Mais) promovido pelo Governo do Estado. São eventos importantes como este que trazem para a mulher uma série de serviços pela distância e dificuldade de acesso. elas se sentem mais seguras com o apoio jurídico e  consciente dos seus direitos", destacou.

Números alarmantes

De acordo com a secretária Especial de Políticas para as Mulheres, maria Teles, só em 2013 foi registrado cerca de 2,8 mil casos de violência contra a mulher. "O Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis já registrou 528 Boletins de Ocorrência, sendo 203 inquéritos, o que traz a tona o problema social. São ações como estas que muitas mulheres entram no processo de conscientização para serem encorajadas a denunciarem os seus parceiros", afirmou.

Quanto à construção de uma Delegacia Especializada, Maria Teles adiantou que ainda este mês será lançada a pedra fundamental da Casa da Mulher Brasileira, que será construída na Avenida maranhão. " A casa vai contar com Núcleo da Defensoria e de outros órgãos, psicólogos, assistentes sociais, sala específica para vítimas de violência sexual, entre outros serviços."

"Infelizmente no Brasil a mulher violentada sexualmente passa por situação humilhante, onde tem que se deslocar para o Instituto Médico Legal para fazer o exame. A Casa da Mulher vai romper essa barreira. Conquistamos muita coisa, mas há muito a alcançar", completou Maria Teles.

Assessora de Comunicação

fonte: (www.infonet.com.br)