terça-feira, 30 de outubro de 2012

Mulheres protestam em frente à casa de vocalista da Banda New Hit

(Uol NE) Um Grupo de mulheres, fizeram uma manifestação no dia 16/10/2012 , em Guarajuba, na cidade de Camaçari, Litoral Norte da Bahia, em frente à casa de veraneio onde estaria o cantor Eduardo Martins, vocalista da banda New Hit!.

Organizado pelo grupo feminista Marcha Mundial das Mulheres, o protesto foi contra a soltura dos nove músicos, acusados de estuprar duas adolescentes de 16 e 17 anos, após um show no Município de Ruy Brabosa, no dia 26 de Agosto de 2012.


Maíra Guedes, uma das integrantes do Núcleo Zeferina, entidade que articulou o ato, revelou que a mobilização foi organizada discretamente, após o grupo acompanhar todo o caso, para que os favoráveis a banda não impedissem a realização. Segundo o Guedes, os próprios moradores confirmaram a residência. "Decidimos que não deixaríamos passar. Somos mulheres. Mexeu com uma mexeu com todas." pontuou.


De acordo com as integrantes do movimento, as duas adolescentes tiveram que sair da cidade por conta do caso e estão sendo atendidas pelo Programa de Proteção ao Adolescente e à criança por receberem ameaças.


A ativista ressaltou que a manifestação segue com os moldes do "escracho", ação realizada para rechaçar os torturadores nos períodos da ditadura chilena e argentina. Na época, os manifestantes entoavam "Aqui mora um torturador". Nós viemos para mostrar que "Aqui mora um estuprador", enfatiza. Uma equipe de segurança particular foi acionada para impedir a entrada do grupo no condomínio.


Os integrantes da Banda ficaram detidos por 38 dias no presídio de Feira de Santana e foram soltos no dia 3. Um policial militar que estava detido na Coordenadoria de Custódia Provisória (CPP) da corporação, em Lauro Freitas, sob suspeita de favorecimento do crime, também foi liberado.


Todos foram denunciados pelo Ministério Publico da Bahia por estupro qualificado com características de crime hediondo e aguardam julgamento.


Leia a integra do manifesto da Marcha Mundial das Mulheres sobre o caso New Hit!.


Nós, mulheres, saímos às ruas na manhã de hoje, para levantar as nossas vozes e punhos, em repúdio as estupradores da Banda New Hit!.Viemos denunciar à sociedade baiana, em especial, aos moradores de Guarajuba, que aqui se esconde um estuprador: o vocalista da Banda, Eduardo Martins!O que aconteceu na cidade de Ruy Barbosa no dia 26 de Agosto de 2012, quando duas meninas foram estupradas dentro do ônibus da banda  por nove dos seus integrantes, não será esquecido ou tolerado por nós!O estupro é um ato de crueldade, tortura, humilhação e aqueles que praticam devem ser escrachados por toda a sociedade! Não deixaremos que caia no esquecimento!


Queremos os estupradores na cadeia! Enquanto eles estão em liberdade, por conta do habeas Corpus concedido pelo desembargador Lourival Trindade, as meninas que foram brutalmente violentadas e suas famílias estão sofrendo ameaças de morte! Queremos a revogação imediata dos habeas corpus!É  um absurdo que os estupradores estejam em liberdade e as vítimas encarceradas!


Todos os dias milhares de mulheres no mundo são assassinadas, violentadas e estupradas.No Brasil, a cada 12 segundo uma mulher sofre violência, e a cada 2 horas uma é assassinada.  A violência é usada com ferramenta de controle da vida, corpo e sexualidade das mulheres!Nos solidarizamos e parabenizamos a coragem das garotas em denunciar. Sabemos que 14% das vítimas de agressão sexual notificam a ocorrência do crime, e como se não bastasse toda dor e sofrimento, ainda são culpabilizadas pela violência. É comum ouvir: " foi estuprada porque se veste como uma puta", "foram fazer o que dentro do ônibus?Sabiam o que ia acontecer", "Em show de pagode, só tem vagabunda, elas mereceram", dentre tantos outros absurdos!Nenhuma mulher merece ser estuprada! Estupro é crime e a culpa nunca é da vítima.


Somos Luisa Mahin, Maria Fellipa, Negra Zeferina! Empunharemos nossos corpos como espadas para defender uma sociedade justa e igualitária! Somos mulheres organizadas que não silenciam diante atrocidades como essa!Até que os integrantes da Banda New Hit sejam julgados e condenados não descansaremos!Temos o direito a uma vida sem violência e lutaremos com isso! Mexeu com uma , mexeu com todas!Seguiremos em Marcha até que todas sejam LIVRES.


Eu tô na rua! É pra lutar! Por um Projeto Feminista e Popular!



fonte:(www.agenciapatriciagalvao.org.br)

Jandira Feghali: Salve Maria da Penha


Rio: Como relatora da lei Maria da Penha, tive a satisfação de ver o tema da violência doméstica ser novamente retratado em horário nobre da televisão Brasileira. Entendo e respeito a intenção da autora em registrar uma realidade vivida por muitas mulheres no momento da denúncia. Lamentavelmente, nem sempre, o acolhimento se dá na forma que a Lei determina e a desinformação, nesses caso, pode resultar em graves prejuízos. Neste sentido, a forma como a lei Maria da Penha foi abordada logo no primeiro capítulo da novela "Salve Jorge" é motivo de algumas reflexões.

Se, por um lado, o acolhimento apresentado na estreia da novela ainda ocorre em várias delegacias pelo país, por outro colocou em dúvida a abrangência do texto legal quando a delegada sugere que os casos de união estável não se enquadram na Lei Maria da Penha. Perdeu-se uma oportunidade de prestar um relevante serviço a sociedade.

A informação correta poderia ter sido passada, valorizando a Lei como um instrumento na defesa da vida das mulheres vítimas de violência. O texto é abrangente  e determina que a violência doméstica contra a mulher se configura em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Não há porque não sugerir que o juiz não enquadraria o caso  nos artigos existentes na legislação.

Nosso esforço é para que a lei seja difundida de forma adequada e eficiente. Que seu uso seja estimulado, que a violência seja prevenida, que vidas sejam salvas e que não haja impunidade. Um tema tão caro merecerá a atenção da emissora e particularmente da sensibilidade da autora, que será capaz  de retomar o debate reafirmando a abrangência da Lei e valorizando os mecanismos de proteção nela previsto.

Jandira Feghali é deputada federal pelo PC do B e relatora da Lei Maria da Penha.

Fonte: ( www.agenciapatriciagalvao.org.br)