SEMlac
Serviço de Noticias da Mulher da América Latina e Caribe
Adital
Por María Suárez Toromaria2003@racsa.co.cr
Tradução: ADITAL
Porto Príncipe, Haiti, fevereiro (SEMlac).- Uma investigação sobre os níveis de violência de gênero presente nos acampamentos no Haiti evidencia uma relação entre o incremento dessas formas de violência e a pobreza.
As cifras oficiais revelam que mais de meio milhão de pessoas vivem em acampamentos que foram instalados após o terremoto de 12 de janeiro de 2010, na capital haitiana.
O estudo intitulado "Louvri (em creole ‘um olho aberto'): Reduzindo a vulnerabilidade à violência sexual nos acampamentos no Haiti” revela que, em 14% das tendas entrevistadas, pelo menos uma pessoa foi vítima de violação ou assalto desde o terremoto. A pesquisa foi realizada em creole, em 365 tendas de acampamentos.
Realizado por Human Rights and Global Justice (CHRGJ) and The Global Justice Clinic (GJC) at New York University School of Law, o estudo foi apresentado no dia 23 de janeiro, em Nova York e em Porto Príncipe.
A diretora da pesquisa, Margaret Satterthwaite, do Centro acadêmico Human Rights and Global Justice (CHRGJ), disse em Nova que "nosso estudo sustenta que muitas organizações de mulheres haitianas vêm dizendo, desde o terremoto: quem tem dificuldades para obter recursos básicos como água potável, latrina e alimentação é mais vulnerável à violência sexual. Urgem medidas para melhorar as condições de empoderamento econômico das mulheres”, ressaltou.
O estudo é divulgado em um momento em que surgiram várias denúncias acerca da precariedade das condições nos acampamentos.
O escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, em inglês), declarou, dois anos após o terremoto, em um comunicado de imprensa, que o Haiti ainda vive uma situação de crise humanitária.
Destaca entre seus indicadores que mais de 500.000 pessoas permanecem em acampamentos improvisados nas ruas; a epidemia de cólera causou 7.000 mortes e a insegurança alimentar atinge a 45% da população de 10 milhões de habitantes.
Ocha sustenta que foi comprovado um deterioro na qualidade da água recebida pelos que ocupam os acampamentos, o que coincide com o fim da distribuição gratuita de água através de caminhões pipa. "Ao redor de 47% dos exames realizados na água distribuída nos acampamentos provam que a água é de má qualidade, em comparação com 29% detectado no começo de dezembro 2011”, precisou o organismo, ao informar também que somente 55% dos habitantes dos acampamentos recebem água tratada com cloro.
Uma experiência que evidencia o trabalho das próprias mulheres e de suas organizações nos processos de empoderamento econômico das mulheres nos acampamentos é a desenvolvida pela organização não governamental dominicana Movimento de Mulheres Dominico-Haitianas (Mudha), na cidade portuária de Leogane, localizada a 25 km a oeste da capital. "Quando chegamos ao Haiti, dois dias após o terremoto, constatamos que uma vez mais as mulheres se responsabilizariam pela sobrevivência, sem apoio para mitigá-la”, explicou a SEMlac Marisol Báez, coordenadora de Mudha em Leogane.
Agregou que puderam constatar que a violência contra as mulheres se incrementou nos acampamentos quando as próprias atingidas começarama contar suas histórias acerca da forma como lhes ofereciam ajuda; ou seja, em troca de outros ‘favores'...
Criaram a Casa Nueva Esperanza, na localidade. Nela, as mulheres dos acampamentos elaboram produtos orgânicos de limpeza e de beleza, costuram lençóis, colchas e roupas e elaboram materiais ornamentais de construção.
Da análise sobre a discriminação que constataram, surgiu esse projeto, desenhado com as primeiras 180 mulheres, para criar condições para o que Báez denomina "a independência econômica”, para poder tomar outras decisões.
As primeiras graduadas organizaram na Casa Nueva Esperanza um sistema coletivo de produção, comércio, distribuição e administração que tem lhes permitido suprir algumas necessidades sem ter que recorrer a práticas de subordinação que as vulnerabilizam.
Báez explicou que não só produzem, mas que fazem trabalho de incidência para que as autoridades locais assumam sua responsabilidade de desenhar políticas públicas de acordo com os direitos das mulheres.
"Mudha tem se caracterizado por transcender ao assistencialismo, trabalhando com as autoridades para que assumam suas responsabilidades”, concluiu.
Tradução: ADITAL
Porto Príncipe, Haiti, fevereiro (SEMlac).- Uma investigação sobre os níveis de violência de gênero presente nos acampamentos no Haiti evidencia uma relação entre o incremento dessas formas de violência e a pobreza.
As cifras oficiais revelam que mais de meio milhão de pessoas vivem em acampamentos que foram instalados após o terremoto de 12 de janeiro de 2010, na capital haitiana.
O estudo intitulado "Louvri (em creole ‘um olho aberto'): Reduzindo a vulnerabilidade à violência sexual nos acampamentos no Haiti” revela que, em 14% das tendas entrevistadas, pelo menos uma pessoa foi vítima de violação ou assalto desde o terremoto. A pesquisa foi realizada em creole, em 365 tendas de acampamentos.
Realizado por Human Rights and Global Justice (CHRGJ) and The Global Justice Clinic (GJC) at New York University School of Law, o estudo foi apresentado no dia 23 de janeiro, em Nova York e em Porto Príncipe.
A diretora da pesquisa, Margaret Satterthwaite, do Centro acadêmico Human Rights and Global Justice (CHRGJ), disse em Nova que "nosso estudo sustenta que muitas organizações de mulheres haitianas vêm dizendo, desde o terremoto: quem tem dificuldades para obter recursos básicos como água potável, latrina e alimentação é mais vulnerável à violência sexual. Urgem medidas para melhorar as condições de empoderamento econômico das mulheres”, ressaltou.
O estudo é divulgado em um momento em que surgiram várias denúncias acerca da precariedade das condições nos acampamentos.
O escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, em inglês), declarou, dois anos após o terremoto, em um comunicado de imprensa, que o Haiti ainda vive uma situação de crise humanitária.
Destaca entre seus indicadores que mais de 500.000 pessoas permanecem em acampamentos improvisados nas ruas; a epidemia de cólera causou 7.000 mortes e a insegurança alimentar atinge a 45% da população de 10 milhões de habitantes.
Ocha sustenta que foi comprovado um deterioro na qualidade da água recebida pelos que ocupam os acampamentos, o que coincide com o fim da distribuição gratuita de água através de caminhões pipa. "Ao redor de 47% dos exames realizados na água distribuída nos acampamentos provam que a água é de má qualidade, em comparação com 29% detectado no começo de dezembro 2011”, precisou o organismo, ao informar também que somente 55% dos habitantes dos acampamentos recebem água tratada com cloro.
Uma experiência que evidencia o trabalho das próprias mulheres e de suas organizações nos processos de empoderamento econômico das mulheres nos acampamentos é a desenvolvida pela organização não governamental dominicana Movimento de Mulheres Dominico-Haitianas (Mudha), na cidade portuária de Leogane, localizada a 25 km a oeste da capital. "Quando chegamos ao Haiti, dois dias após o terremoto, constatamos que uma vez mais as mulheres se responsabilizariam pela sobrevivência, sem apoio para mitigá-la”, explicou a SEMlac Marisol Báez, coordenadora de Mudha em Leogane.
Agregou que puderam constatar que a violência contra as mulheres se incrementou nos acampamentos quando as próprias atingidas começarama contar suas histórias acerca da forma como lhes ofereciam ajuda; ou seja, em troca de outros ‘favores'...
Criaram a Casa Nueva Esperanza, na localidade. Nela, as mulheres dos acampamentos elaboram produtos orgânicos de limpeza e de beleza, costuram lençóis, colchas e roupas e elaboram materiais ornamentais de construção.
Da análise sobre a discriminação que constataram, surgiu esse projeto, desenhado com as primeiras 180 mulheres, para criar condições para o que Báez denomina "a independência econômica”, para poder tomar outras decisões.
As primeiras graduadas organizaram na Casa Nueva Esperanza um sistema coletivo de produção, comércio, distribuição e administração que tem lhes permitido suprir algumas necessidades sem ter que recorrer a práticas de subordinação que as vulnerabilizam.
Báez explicou que não só produzem, mas que fazem trabalho de incidência para que as autoridades locais assumam sua responsabilidade de desenhar políticas públicas de acordo com os direitos das mulheres.
"Mudha tem se caracterizado por transcender ao assistencialismo, trabalhando com as autoridades para que assumam suas responsabilidades”, concluiu.
(fonte: www.adital.com.br)