Instituto lança plataforma com dados sobre violência contra a mulher.
Agência Brasil
O Instituto Patrícia Galvão, organização social sem fins lucrativos voltada à comunicação e direitos das mulheres, lançou nesta segunda-feira uma plataforma na internet direcionada a jornalistas e comunicadores independentes com dados sobre violência contra a mulher.
A ferramenta funciona como um dossiê e entra no ar em agosto, trazendo as últimas pesquisas publicadas sobre assuntos como violência doméstica, sexual, feminicídio e violência de gênero na internet (como a pornografia de vingança). O objetivo é agregar mais conteúdo futuramente e inserir outras formas de violência. A plataforma traz também um banco de fontes, inicialmente com os contatos de 100 especialistas no assunto.
Um dos papéis do site é facilitar o acesso da imprensa ao material do instituto para diminuir os preconceitos quando o tema surge na cobertura dos veículos de comunicação, além de apoiar os comunicadores independentes e ativistas. "Na última década, a gente teve a grande expansão do feminismo na internet", disse Maíra Kubik, professora em Estudos de Gênero e Diversidade, do departamento de Ciência Política, da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
"A gente pode situar a violência como a ruptura de qualquer forma de integridade, seja psíquica e sexual. Da forma como a sociedade está constituída, coloca determinados grupos em posições de superioridade e inferioridade. No caso das relações de gênero, a gente pode simplificar com o nome de machismo. As mulheres seriam inferiores na sociedade", explica.
Membro da organização não governamental Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia) Jacqueline Pitanguy defende que a mídia precisa deixar de julgar com tanta perversidade as mulheres que demoram a sair de uma relação em que sofrem violência doméstica.
"A violência doméstica é repetição e tem uma direção, normalmente os homens batem e as mulheres apanham. Os homens ofendem, as mulheres se sentem humilhadas. É uma destruição também muito frequente do espaço doméstico, que representa o ambiente de segurança. Mas ocorre entre tapas e beijos. Não dá para tratar a violência doméstica, sem tratar da ambiguidade dos sentimentos humanos. se não entendermos isso, fica muito fácil julgar a mulher", declarou Jacqueline.
O professor de filosofia do Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde Sérgio Barbosa, que trabalha com homens autores de violência, disse que o perfil dos parceiros que cometem a agressão é recorrente. " Todos que chegam ao coletivo carregam o mesmo perfil, desconheciam que bater em mulher era crime. Chegam resistentes, mas no processo encontram outros homens e a desconstrução da violência também passa por um processo coletivo", explica. Para o especialista, a imprensa precisa informar que existe também a superação para esses homens.
A secretária de Política para as Mulheres da Presidência da República, Aline Yanamoto, comentou sobre o feminicídio, a morte violenta de mulheres por razão de gênero. O percentual de mulheres assassinadas entre as mortes violentas é de 10% no Brasil. "Mas tem uma peculiaridade muito sensível, as mulheres estão mais vulneráveis por serem mulheres. Cerca de 16 países tipificaram o feminicídio, esse cenário vem muito amparado pelo dado gravíssimo de que países da América Latina estão entre os que mais ocorrem o feminicídio", disse ela.
O juiz titular da 1° vara do Júri de Campinas, José Henrique Torres, citou uma decisão em que autorizou o aborto de um feto anencefaliano. Para ele, a questão é um problema terrível no país, pois o sistema de saúde não consegue enfrentar a necessidade do aborto legal. "Há uma necessidade imensa de que os juízes entendam a dimensão da violência contra a mulher. Isso vem de uma ideologia patriarcal que todos conhecem muito bem", declarou
(fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/)
segunda-feira, 27 de julho de 2015
sábado, 18 de julho de 2015
Vamos espalhar sempre o Amor...
Uma música de composição minha
Deixar Fluir.
quarta-feira, 15 de julho de 2015
Na web, jovem do AC cria projeto para combater violência contra mulher.
Projeto "Amor sem medo" foi lançado nas redes sociais.
"Devemos plantar essa semente desde já", diz apoiadora.
Iryá Rodrigues
Do G1 AC
Em uma semana, ao menos 15 pessoas postaram uma foto com a placa do projeto em sua rede social.(foto: reprodução/facebook)
Conscientizar a população para a importância de denunciar os casos de violência contra a mulher, esse é o mote do projeto " Amar sem Medo." Criado pela estudante de direito Bianca Muniz, de 22 anos, no dia 3 de julho, o projeto quer ainda lembrar que a violência não parte somente de quem agride, mas também quem omite. A iniciativa tem ganhado apoiadores nas redes sociais.
Bianca enfatiza que todos os dias mulheres sofrem algum tipo de violência. Ela afirma que o número de denúncias de violência doméstica é elevado, mas não abrange o número real de mulheres agredidas, já que, segundo ela, muitas têm medo, vergonha ou se sentem dependentes de seus agressores. "É uma campanha de apelo à redução dos altos índices de violência contra a mulher", explica.
As pessoas que participam do projeto tiram fotos segurando uma placa da campanha e publicam na sua rede social. "Com isso, eles levantam uma bandeira junto comigo. A pessoa publica a foto no seu Facebook, e ajuda a alcançar muitas outras. Não adianta eu tirar duzentas fotos e só postar na minha rede social ou do projeto, já que assim só vou atingir um número reduzido de pessoas", conta a idealizadora do projeto.
Segundo Bianca, a ação tem duas fases. A primeira, com as fotos compartilhadas nas redes sociais, que já foi iniciada, e a segunda consiste na prática de palestra e orientações em escolas e demais centros de integração. A jovem explica ainda que no segundo momento do projeto, as ações vão ser realizadas por voluntários capacitados para tratar sobre o tema.
Em apenas uma semana de projeto, 15 pessoas tiraram fotos com a placa do projeto e postaram nas suas redes sociais. a expectativa, segundo a idealizadora é que esse número aumente nos próximos dias.
A advogada Isabelly Catão, de 33 anos, diz que resolveu participar da campanha por acreditar que iniciativas como esta devem ser constantes, pois a mudança social é lenta. "Nós, mulheres, devemos ser a mudança que queremos para o mundo, não nos calando diante das violências que todas nós em algum momento já passamos. Devemos plantar essa semente desde já para que a mudança seja sentida na evolução social futura"diz.
Para a advogada Renata Lameira, de 32 anos, muitas mulheres ainda hoje têm medo de denunciar agressões, por medo do parceiro, e do julgamento da família e da sociedade."Esse tema me desperta interesse, já há algum tempo, sou advogada e meu trabalho de conclusão de curso na faculdade foi sobre violência contra a mulher", comenta.
Por perceber que é alto o número de mulheres que passam diariamente por discriminação de gênero e outros tipos de violência, a funcionária pública Duanne Modesto, de 23 anos, diz que campanhas como essa vêm para fortalecer essa luta. Segundo ela, quanto mais a pessoa se envolve, maior a revolta e vontade de fazer alguma coisa para tentar reverter o quadro e despertar mais pessoas com o mesmo ideal.
"Eu decidi participar, por sentir também enquanto mulher que em determinadas situações, pessoas com mentalidade machista, tentam me colocar em posição desvalorizada ou me classificar em categoria menos digna das formas mais sutis. Não é todo dia que você se depara com as estatísticas e vê que o problema tem uma proporção absurda", afirma Duanne.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
"Violência contra Mulher leva tempo para ser enfrentada"
por: Deutsche Welle
Joana Chagas, da ONU Mulheres, fala sobre o fato de o Brasil ter 50 mil estupros registrados por ano e ser o sétimo no ranking de assassinato de mulheres.
A violência pode estar aumentando porque cada vez mais mulheres participam da vida pública, da vida produtiva.
Há exatos 40 anos, no dia 19 de junho de 1975, começava a primeira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres com três objetivos prioritários: igualdade, desenvolvimento e paz. Foi nessa conferência que se instituiu o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Quatro décadas de luta contra a desigualdade de gênero e a discriminação das mulheres resultam em importantes conquistas, principalmente no acesso à educação e ao mercado de trabalho. Mas em relação à violência, o caminho ainda parece ser longo.
"Não Tenho expectativa de que daqui a cinco anos não haverá mais violência contra as mulheres. Sequer durante toda a minha vida.", diz Joana Chagas, da ONU Mulheres, em entrevista à DW Brasil.
Recentemente, dois crimes chocaram o País. Na pequena Castelo do Piauí, no interior do estado nordestino, quatro adolescente foram brutalmente violentadas por jovens de idade semelhante - uma das vítimas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 7 de junho. Em Araçatuba, interior de São Paulo, uma jovem de 20 anos foi estuprada, morta e jogada em um rio.
Crimes como esses entram na estatística do feminicídio (ou femicídio), termo que designa o assassinato de uma mulher por razões estritamente de gênero. A capital federal, Brasília, registrou no dia 2 de junho seu primeiro caso desde que a lei do feminicídio foi sancionada, em março. Um ex-policial militar teria matado a companheira a socos.
Joana Chagas acompanha o protocolo sobre feminicídio e ações na área de eliminação da violência contra mulheres e meninas no Brasil e conversou com a DW a respeito do tema. Educação, punição e proteção seriam, para ela, a tríade a ser colocada em prática para evitar que mais mulheres sejam agredidas.
DW Brasil: Dezesseis países da América Latina e do Caribe adotaram medidas para combater e punir o feminicídio. Estamos enfim aptos a reduzir o número de mulheres assassinadas?
Joana Chagas: A violência contra a mulher é um processo que demanda tempo para enfrentar. não tenho expectativa de que daqui a cinco anos não haverá mais violência contra as mulheres. Sequer durante toda a minha vida. Em oitos anos, a Lei Maria da Penha diminuiu em 10% os homicídios de mulheres. isso demostra que leis efetivamente aplicadas podem reduzir crimes e mandar uma mensagem à sociedade: a de que esses crimes não são tolerados. Mas somente leis não respondem a todo o problema.
DW: O que mais precisa ser feito?
Joana Chagas: Na verdade, ( o combate à violência contra a mulher) começa na escola, na família, na comunidade, no ambiente de trabalho, nas ruas. na escola, por meio de uma educação que promova papéis de gênero que valorizem a mulher e desvalorizem uma masculinidade violenta. Que valorizem a igualdade de gênero, a liberdade e uma vida livre de violência. acredito que a violência pode estar aumentando porque cada vez mais mulheres participam da vida pública, da vida produtiva...
DW: Por que isso seria uma causa?
Joana Chagas: Isso poderia vir como uma resposta conservadora para que as mulheres voltem aos seus "lugares tradicionais". Se trabalharmos desde a infância desconstruindo esses papéis, da mulher como mãe, restrita ao ambiente privado, e do pai como provedor, no ambiente público, poderemos construir imagens de homens e mulheres em pé de igualdade, prevenindo uma violência futura.
DW: O ambiente de trabalho, em certas situações, também pode ser complicado.
Joana chagas: Há a questão do assédio, que precisa ser combatido com mais participação, possivelmente com mais mulheres em cargos de decisão, nos quais as mulheres ainda estão menos representadas. Nas ruas, a questão é a não tolerância com o assédio, por meio de campanhas. O transporte público é um bom exemplo disso.
DW: A adoção de vagões de metrô exclusivos para mulheres, por exemplo, ajuda a inibir ou estimula a cultura do assédio?
Joana Chagas: Esse é um exemplo que causa opiniões contraditórias. Por um lado, devido à situação atual de violência e assédio, as mulheres que têm a possibilidade de usar um vagão somente para elas sentem-se muito mais tranquilas. Se perguntarmos, não tenho dúvidas de que elas dirão que a ação é positiva. por outro lado, a mensagem é complicada porque não estamos indo à raiz do problema. São as mulheres que têm de usar outro vagão. Não os homens, que são os agressores.
DW: Soa praticamente como um retrocesso.
Joana Chagas: O ideal é ter pacotes complementares, ou seja, a possibilidade de oferecer proteção, mas também tratar os agressores, o problema, para que possamos, daqui a dois, cinco, 10 anos, eliminar esse vagão ( exclusivo às mulheres). Pode até ser necessário, mas não deve ser a única política. Sozinha, essa politica não vai resolver o problema.
DW: Entre 84 países, o Brasil é o sétimo no ranking de assassinatos de mulheres. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, são de 40 a 50 mil atendimentos anuais devido à violência doméstica. Há distinção de classe, cor, religião nessa conta ou a violência está em todos os lugares, em todas as classes?
Joana Chagas: No caso do Brasil, é muito difícil falar sobre a violência sem fazer um recorte de raça e de classe social. A violência está mais concentrada nas classes mais pobres, na qual a maioria é negra e marginalizada. No entanto, a violência acontece em todos os lugares. Não há como ignorar o fato de que em todas as classes, religiões, em todas as famílias há violência. É muito difícil, para as mulheres, assumirem que já sofreram violência. E a maior parte das mulheres assassinadas, no país, está na faixa dos 20 aos 39 anos. É a faixa das relações, em que o controle e a possessividade são mais complicados.
DW: falando em feminicídio, por que existe um termo específico para definir o assassinato de mulheres?
Joana Chagas: A importância do termo específico é porque essa é uma violência diferente. Homens e mulheres morrem de maneiras diferentes. O feminicídio é o homicídio de mulheres causados por razões de gênero. A maioria tem requintes de crueldade, com mutilação dos corpos, principalmente em áreas características das mulheres, como seios, genitais, rosto, olhos, sem contar a tortura. Obviamente, há homicídios semelhantes de homens. Mas, no caso do feminícidio, está presente na maioria dos casos. São crimes que podem ser evitados porque sabemos quem é o agressor, a partir de um clico de violência anterior.
DW: Quem é agressor?
Joana chagas: Na maioria dos casos são companheiros ou ex-companheiros. Por volta de 60% dos agressores são pessoas que tiveram relações íntimas com mulheres. Também há, em segundo lugar, a família: pais, irmãos, pessoas ligadas por laços familiares. E também, em menor número, pessoas desconhecidas. Apesar do feminicídio ser, sim, um resultado extremo de um ciclo de violência doméstica, ele não ocorre somente via parceiros ou ex-parceiros e apenas no ambiente doméstico.
DW: Há 50 mil estupros por ano no país. O número oficial já é assustador. Há estimativas sobre quantos casos não são registrados?
Joana Chagas: Sim. Existem alguns cálculos e estimativas mundiais que indicam que somente um terço dos estupros são registrados. E aí esse número poderia ser triplicado, o que é ainda mais chocante.
DW: O que decepciona mais: que os números sejam tão altos ou que as mulheres tenham tanto medo de denunciar, o acaba diminuindo a estatística, a investigação e a punição?
Joana Chagas: Difícil escolher. Os dois são horríveis, obviamente. É preocupante que exista tanto estigma e que as mulheres são busquem os postos de saúde e delegacias para registrar os casos. Em relação ao estupro, há preocupações quanto à saúde, para evitar a gravidez indesejada ou contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, e também quanto á punição. Queremos que os agressores sejam punidos pelos crimes cometidos. Para isso, as mulheres agredidas não podem se sentir envergonhadas.
Autoria Guilherme Becker.
(fonte:http://www.cartacapital.com.br/)
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Casos de violência contra a mulher chamam a atenção em Uberaba.
Mais de 250 inquéritos foram instaurados este ano, informou a Polícia Civil. Retirada da queixa se tornou mais difícil nos últimos anos.
Os números de casos de violência contra mulheres chamam a atenção.Em Uberaba, de Janeiro até Junho deste ano, segundo dados da Delegacia de Polícia Civil de Orientação e Proteção a Família, 258 inquéritos foram instaurados para apuração de delitos práticos no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Isso representa mais de 1 caso por dia. Do total, 216 resultaram no pedido de medidas protetivas.
Se por um lado esse levantamento assusta, por outro representa um avanço. É que ele indica que cada vez mais as mulheres, vítimas de violência, têm coragem de denunciar e de não desistir da queixa. mesmo porque, desde a criação da Lei Maria da Penha, em 2006 retirar a denúncia ficou mais difícil.
A delegacia responsável por apurar casos de violência contra a mulher funciona na Rua Amaro Ferreira, n° 221. Outros serviços no local também têm como objetivo a proteção e o bem estar feminino.
(fonte: http://g1.globo.com/)
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