A violência contra as mulheres ocorre em todo mundo e perpassa as classes sociais, as diferentes etnias e independe do grau de escolaridade.Ela recebe o nome de doméstica porque sucede,geralmente dentro de casa e o autor da violência mantém (ou já manteve) relação intima com a mulher agredida. São maridos, companheiros, namorados, incluindo os ex.
Segundo o Informe Mundial Sobre Violência e Saúde divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), quase metades dos assassinatos de mulheres em 2002 foram cometidos pelos maridos, namorados, antigos e atuais. Em alguns países, até 69% das mulheres relataram terem sido agredidas fisicamente, e até 47% afirmaram que a sua primeira relação sexual foi forçada.
De acordo com a pesquisa de abrangência nacional A mulher brasileira nos espaços públicos e privado, realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2001, uma em cada cinco brasileiras declarou espontâneamente ter sofrido algum tipo de violência por parte de algum homem, sendo que o principal agressor é o marido ou parceiro.
Também na pesquisa Homens, violência de género e saúde sexual e reprodutiva:um estudo sobre homens no Rio de Janeiro ,realizada em 2003 pelos Institutos Noos e Promundo , 51,4% dos homens declararam ter usado algum tipo de violência- física, psicológica e sexual- contra sua parceira intima pelo menos uma vez, sendo que 25,4% desse total usou violência física.
Estudos de âmbito nacional sobre, violência doméstica são recentes no Brasil, mas algumas pesquisas regionais refletem a magnitude do problema. Exemplo é o Estudo Multipaíses da OMS sobre Saúde da Mulher e Violência Doméstica, realizado no munícipio de São Paulo e na Zona da Mata em Pernambuco. O Estudo demonstrou que 29% das mulheres da cidades de São Paulo, e 37% das mulheres da Zona da Mata declararam ter sofrido violência física e/ou sexual cometida pelo parceiro.
Também é preciso lembrar que esses números podem ser maiores, uma vez que a violência doméstica contra as mulheres, por sua natureza de "assunto íntimo", nem sempre é declarada ou notificada, sendo enorme o número de mulheres e de homens que não falam acerca do assunto, formando um poderoso muro de silêncio.
Até onde a violência pode chegar.
A violência doméstica contra as mulheres se manifesta em três grandes tipos: física, sexual e psicológica. Ela também pode ser mista: quando os tipos se combinam. Na pesquisa com os homens do Rio de Janeiro, 38,8% dos entrevistados disseram ter praticado violência psicológica;
25,4% praticaram violência física e 17,2% cometeram violência sexual.
Não cabe discutir aqui qual é o tipo de violência mais pernicioso ou doloroso. Certamente todos são. Há violência nas frases "Você é uma péssima mãe" ou "você é um lixo"; há violência nos empurrão ou no soco que quebra o nariz. E há o extremo da violência : o assassinato das mulheres por seus parceiros ou ex, mascarados pelos nomes de "crime passional", que atenua a pena, e " crime contra a honra", que chega a resultar em absolvição do réu.
Uma boa pesquisa seria averiguar como morreram as mulheres assassinadas no Brasil. Há indícios de que 50% tenham sido assassinadas por companheiros ou ex-companheiros. Apenas os casos envolvendo pessoas "famosas" chegam ao conhecimento geral,por meio da mídia. No Brasil, houve grande visibilidade para os assassinato de Ângela Diniz por Doca Street (1976), Eliane de Grammont por Lindomar Castilho (1981), bem como uma extensa cobertura do assassinato da Jornalista Sandra Gomide ,abatida em 2000 , pelo ex-namorado Pimenta Neves, aliás, até hoje em liberdade.
Mas não se deve esquecer da legião de mulheres assassinadas que permanecem anónimas, da legião de assassinos impunes e da legião de órfãs e órfãos dessa violência.
É claro que nem todos os casos de violência doméstica chegam ao assassinato. É mais comum que ele se "perpetue" na vida dos envolvidos. Uma das características da violência doméstica contra a mulher é ser cíclica e continuada: ele bate em um dia, no outro manda flores, volta a bater, volta a mandar flores. Além disso os homens que agridem, mesmo quando trocam de parceiras, seguem agredindo.
Alguém, com razão, pode argumentar que as também cometem violência doméstica contra crianças, outras mulheres e homens. Mas, segundo a observação empírica, os boletins de ocorrência e todas as pesquisas, na esmagadora maioria, os homens comparecem como os autores da violência e as mulheres, como o alvo preferencial.
Os custos da violência doméstica.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a violência doméstica contra as mulheres como uma questão de saúde pública. A violência afeta negativamente a integridade física e a saúde mental. Viver em uma situação de violência aumenta o risco de adoecimento. Há ocorrência expressivas de problemas mentais, depressão e tentativas de suícidio.
Mulheres em situação de violência doméstica, atendidas nos serviços de saúde, reclamam de dores de cabeça, dores nas costas, estresse. Há também evidentemente , uma perda significativa da auto-estima. Tais fatores levam ao um círculo vicioso das "indas e vindas" aos serviços de saúde e, consequentemente ,ao aumento dos gastos com saúde.
Além da incidência de várias patologias, a violência doméstica tem uma associação clara com a perda dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. A camisinha comparece como um fator complicador: a não ser usada, favorece a gravidez não desejada e a disseminação de DSTs e do vírus da Aids.
Aspecto ainda pouco contabilizado,mas amplamente observado, é a perda econômica provocada pela violência doméstica. Quando agredidas, as mulheres faltam ao trabalho. Elas geralmente apresentam uma queda na motivação e na produtividade. quem apanha nos espaços privados carrega humilhação e dor para o espaço público.
No final das contas, o Produto Interno Bruto(PIB) encolherá.
Estudo do Banco Mundial mostrou que as mulheres perdem um dia de trabalho a cada a cinco por causa de problemas de saúde decorrentes da violência doméstica.
Em suma toda a sociedade brasileira perde coma violência doméstica contra as mulheres. Gasta-se mais em saúde , perde-se produtividade, perde-se capacidade de iniciativa. em outra palavras perde-se energia!
Luta e prevenções.
Passados vinte e cinco anos de luta do movimento mulheres para dar visibilidade e promover erradicação de violência de gênero e doméstica, começa a surgir com muita força a ideia de prevenção da violência doméstica contra as mulheres. acredita-se que os autores de violência podem, mediante muito trabalho, se recuperar como seres humanos mais equilibrados e conscientes.
As lutas nos campos da justiça, da saúde, da educação, e da cultura podem interromper esse tipo de violência e riscar essa tragédia domesticada vida de milhões de casais e de sua prole. A prevenção, ao lado da responsabilização,pode evitar a formação de "novos agressores "e de "novas agredidas".
No entanto, é evidente que a erradicação da violência doméstica contra as mulheres dependerá de comprometimento de toda a sociedade, incluindo a sensibilização dos meios de comunicação de massa para a questão. Dependerá do esforço das mulheres em não se calarem frente a situações de violência. Dependerá do compromisso dos próprios homens em reprovarem a violência contra as mulheres cometida por outros homens.
(fonte:www.violenciamulher.org.br
Instituto Patricia Galvão)
terça-feira, 22 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
"Violência isso tem que acabar"
" As pessoas envolvidas na relação violenta devem ter o desejo de mudar. É por essa razão que não se acredita numa mudança radical de uma relação violenta, quando se trabalha exclusivamente com a vítima. Sofrendo essas algumas mudanças, enquanto a outra parte permanece o que sempre foi, mantendo os seus habitus, a relação pode inclusive, tornar-se ainda mais violenta. Todos percebem que a vitima precisa de ajuda, mas poucos vêem essa necessidade no agressor. As duas partes precisam de auxilio para promover uma verdadeira transformação da relação violenta."
Heleieth Saffioti
Instituto Patricia Galvão.
www.violenciamulher.org.br
" As pessoas envolvidas na relação violenta devem ter o desejo de mudar. É por essa razão que não se acredita numa mudança radical de uma relação violenta, quando se trabalha exclusivamente com a vítima. Sofrendo essas algumas mudanças, enquanto a outra parte permanece o que sempre foi, mantendo os seus habitus, a relação pode inclusive, tornar-se ainda mais violenta. Todos percebem que a vitima precisa de ajuda, mas poucos vêem essa necessidade no agressor. As duas partes precisam de auxilio para promover uma verdadeira transformação da relação violenta."
Heleieth Saffioti
Instituto Patricia Galvão.
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